Quando você deixa a sua casa e a sua família para ir trabalhar, na maioria das vezes, você faz isso com o objetivo de poder voltar para casa e dar condições de vida feliz e confortável para você e sua família. Não é?
Então o seu objetivo final está na casa e na família e não no trabalho em si. Você pode até gostar de seu trabalho, ter uma realização pessoal com ele, mas se o trabalho não lhe proporcionar os meios para obter os fins, talvez você não se disponibilize tanto para ir trabalhar todos os dias.
Há uma diferença, portanto, de trabalhar em, e trabalhar para. Nosso sistema biológico de recompensa, desenvolvido durante milhões de anos, está ajustado para nos dar a sensação de prazer e felicidade quando atingimos nossos objetivos e desejos. Graças a isso somos capazes de desempenhar tarefas às vezes desagradáveis e até fazer alguns sacrifícios.
A essa altura você pode estar pensando; o que isso tem a ver com o deísmo? Bem, isso tem muito a ver com religião e é contra ela que o deísmo se posiciona.
A maioria das religiões te dizem que a felicidade não está nesse mundo ou nessa vida, e que você deve fazer concessões e sacrifícios nesta vida para obter um prêmio ou uma recompensa final em uma outra vida. Se você foi educado com base em uma dessas religiões, consequentemente você, consciente ou inconscientemente, faz o que faz para merecer felicidade, redenção, salvação, vida eterna ou qualquer uma das coisas que as religiões afirmam que estarão à sua espera depois da morte.
Isso soa um tanto macabro, porque é como se você esperasse o dia de sua morte para ser feliz de verdade. Mas, e se não fosse assim? Se você não esperasse por nada melhor depois de sua morte. O que você faria? O que você mudaria nessa vida? O que você faria diferente agora?
Certamente você não deixaria de ir trabalhar todos os dias, pois esse é um meio de assegurar a sua sobrevivência e de sua família, mas talvez você tivesse um outro tipo de relação, um outro ponto de vista. Encararia essa vida e seus desafios de outra forma. É possível que despertasse em você um sentimento de posteridade, de fazer mais e melhor, nesta vida, para que seus descendentes tenham uma vida melhor e consequentemente, toda as gerações subsequentes. Isso seria ruim? De modo algum!
Com um pouco de imaginação e raciocínio lógico podemos prever até mesmo uma melhora nas relações humanas, no cuidado com o planeta, na cooperação entre trabalhadores e empresários. Desejar viver melhor nesta vida sem esperar nada melhor depois da morte parece ser uma boa ideia afinal.
A morte não deve ser aguardada como o momento de passagem para uma vida melhor. A morte deve ser um momento de homenagem para alguém que viveu e fez o que pode para dar às futuras gerações uma vida melhor.
“Considero-a (a religião) uma doutrina extremamente perigosa, porque quanto mais provável formos supor que a solução vem de fora, menos provável será que resolvamos nossos problemas nós mesmos.”
Carl Sagan
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