Todos nós conhecemos as causas e os efeitos da religiosidade sobre as pessoas. Esse assunto tem sido objeto de estudo por décadas de psicólogos, sociólogos e filósofos, mas o que é novo, são as pesquisas relacionadas aos ateus. Sempre se pensou que os descrentes fossem um efeito contrário dos crentes, e é, pelo menos em parte, como revelam os recentes estudos sobre o perfil psicológico dos ateus. Entretanto, sabe-se agora que o que faz uma pessoa ser descrente são vários fatores, que podem ir desde a rejeição até a ignorância.
Após ler as principais pesquisas sobre o ateísmo e também um período de experiência colhendo diversas declarações, observamos que a personalidade do ateu se parece bastante com a personalidade de uma pessoa religiosa e em muitos casos, surge da mesma forma que floresce nos crentes. As semelhanças não são apenas na forma com que as pessoas se tornam crentes ou descrentes, mas também no seu desenvolvimento e nas suas consequências, como o surgimento do radicalismo exacerbado, os ateus fanáticos.
Os sinais do surgimento do radicalismo entre os ateus pode ser visto na grande quantidade de sites e grupos de mídias sociais atraindo e congregando descrentes, e isso é o efeito do crescimento do número de descrentes em todo mundo, como revela uma pesquisa realizada pela Pew Research Center. Recentemente, foi criada a primeira igreja ateísta, na cidade de Seattle nos Estados Unidos (https://seattleatheist.church/) aproveitando a onda de ativismo ateu que assola o país. Esses são sinais claros do surgimento de uma nova religião.
Quando se obtém massa crítica, ou seja, um número significativo de pessoas com a mesmo pensamento, dá-se inicio a um ciclo de crescimento orgânico e exponencial, atraindo como um efeito da gravidade, pessoas com personalidade em desenvolvimento, não esclarecidas, com necessidades de autoafirmação e até mesmo com distúrbios sociais. Talvez isso não seja um efeito desejado, mas é inevitável devido à natureza humana e suas fraquezas. O resultado disso é uma potencialização do pensamento, favorecendo o extremismo e o fanatismo.
Um estudo realizado pelo Ph.D em psicologia, Andy Tix e publicado pelo site Psychology Today, revelou que grande parte das pessoas que se tornam ateus, fazem isso por questões emocionais e não racionais. Emoções negativas como preocupação, dúvida, medo e raiva, estão associadas a maioria dos ateus. Em um artigo publicado no site PsyPost, o jornalista e psicólogo Eric W. Dolan descreve como os ateus, em geral, apoiam seus argumentos contrários à teologia no conhecimento científico, no desenvolvimento cultural e no uso da racionalidade. Porém, quando essas alegações foram confrontadas com a pesquisa realizada, revelou uma incompatibilidade entre a narrativa e os fatos.
Teístas e ateus já escolheram seus lados e, aparentemente, há pouca margem para mudanças. Tanto um grupo quanto o outro, acreditam em posições firmadas por outras pessoas no passado. Não querem ou não estão dispostos a verificar se há mais informações para formar suas opiniões. Já fecharam questão sobre o que acreditam e sobre o que não acreditam, não importando o quão insignificante é ainda, o conhecimento humano sobre o universo a que eles estão confinados.
A falta de uma abertura para um racionalismo dinâmico e da compreensão de que estamos apenas no começo do conhecimento, coloca ateus e teístas na mesma condição e demonstra que dão mais importância para si mesmos, não deixando espaço para o que as futuras gerações possam vir a descobrir.
“Eu não quero acreditar. Eu quero saber."
Carl Sagan
< Voltar