Espírito.
Também chamado pneuma, ânima, psiquê e alma. Todos nomes de uma mesma coisa. Em geral, representam uma, energia vital, que se manifesta fisicamente. A palavra deriva do latim e significa respiração ou sopro. Os racionalistas chamam de mente.
Algumas religiões acreditam que o espírito sobrevive ao corpo e pode até se manifestar independente dele. Ele, o espírito, tem pensamentos, emoções, raciocínio individual, ou seja, preserva uma identidade humana, sem ser humano. Os espíritos vivem no éter, num outro plano de existência, num céu ou num inferno, dependendo de sua natureza. E podem coexistir conosco, no mesmo tempo e espaço que existimos.
Poderíamos destacar uma extensa literatura que explica porque nosso cérebro evoluiu com a capacidade de acreditar no espírito, mas esse, talvez, possa ser o tema de um outro artigo. Neste, vamos apenas refletir, a luz da razão, sobre o que a religião diz sobre o espírito.
Quando pesquisamos sobre espíritos nos livros das religiões abraâmicas, encontramos um padrão. Quando o espírito se manifesta fora do corpo, como um anjo, um fenômeno metafísico, etc., ele é bom, ou pelo menos, traz uma mensagem boa. Mas quando ele se manifesta dentro de um corpo, ele é mau. Pode ser uma doença, uma influência maligna ou um demônio personificado. Já as outras religiões, incluem até animais e elementos da natureza entre os espíritos que podem se manifestar.
A religião cristã nos trouxe os anjos e santos. As religiões africanas, como o candomblé, nos trouxeram os orixás. As crenças indígenas, os seres elementais. E finalmente, Alan Kardec, nos trouxe qualquer pessoa falecida. Não bastando todas essas aparições, nossa mente adaptativa, especialmente a dos brasileiros, foi capaz de juntar todos esses espíritos num sincretismo religioso chamado Umbanda.
Surgida no início do século XX, no estado do Rio de Janeiro, a Umbanda se desenvolveu como uma alternativa, menos radical, e capaz de catalisar diferentes expressões do espiritismo. Não sacrifica animais, mas tem oferendas. Santos e orixás são como, a mesma coisa, e são capazes de interceder por qualquer pessoa, viva ou morta, que no julgamento do espírito mais elevado, precise de interferência.
E é justamente sobre esse ponto que queremos refletir.
Pessoas buscam médiuns, babalorixás e xamãs para interagir com os espíritos. O fazem porque estão carentes de alguma coisa, e querem que os espíritos intercedam a favor delas contra outros espíritos ou pessoas que possam estar lhe causando algum mal. Então as pessoas depositam seus destinos e o destino de terceiros, na mão desses espíritos.
Pense um pouco!
Quando você precisa confiar em alguém, a quem você vai entregar a sua sorte, a sua saúde e as suas relações. Imagina-se que você queira conhecer essa pessoa. Quem é? De onde vem? Como vive?
Se for um advogado, você quer saber se tem experiência nas causas do direito. Se for um médico, você quer saber onde estudou e se tem boas referências. Correto?
Então é certo afirmar que você também quer saber tudo sobre o espírito a quem você vai pedir intercessão. Não?
Qualquer "doutor" que esteja vivo, tem muito mais conhecimento do que os "pretos velhos" e "índios" tinham quando estavam vivos, correto?
Então, onde eles adquiriram sabedoria para te aconselhar?
Se são sábios:
Por que fumam? Não sabem que faz mal a saúde?
Por que bebem muita cachaça?
Por que falam errado?
Se são tão adiantados, por que precisam de comida e bebida como oferenda?
Alan Kardec dizia que existem espíritos de luz e também zombeteiros, se referindo a aqueles que se manifestam para fazer o mal ou apenas para se divertir as suas custas.
Como saber com qual tipo você está se consultando?
Outro ponto intrigante é:
Se esses espíritos têm a capacidade de influenciar uma outra pessoa para te ajudar, essa outra pessoa estaria de acordo em ser influenciada? Se essa outra pessoa fosse você. Você gostaria disso?
Essas questões, quase nunca são levantadas. Aparentemente, ser racional e razoável, não tem lugar no mundo dos espíritos. Você se importa com o diploma de um médico, mas não está nem aí se o espírito é quem diz ser. Por que?
Você pode pesquisar se o seu advogado tem experiência em resolver questões do direito, mas como se verifica a idoneidade de um espírito?
A pesar de, após anos de pratica, não existir nenhuma prova de que os espíritos existem e de existirem enumeras razões para acreditar de que são fruto da psique humana ou até mesmo, má fé, as pessoas ainda buscam esse tipo de ajuda.
Mas basta refletir um pouco e fazer algumas perguntas, a luz da razão, para revelar a fraqueza de suas convicções.
A falta de questionamento é o lado mais obscuro da ignorância. Então, questione sempre. Faça as perguntas que ainda não foram feitas.
"O medo dos poderes invisíveis, inventados ou imaginados a partir de relatos, chama-se religião"
Thomas Hobbes
< Voltar