(este artigo foi baseado no documentário Zeitgeist, o filme)
Vocês se lembram daquela brincadeira chamada, Adivinha o Personagem, onde você precisa descobrir qual é a pessoa que você sorteou pelas dicas que os outros jogadores dão a você? Vence quem descobrir o seu personagem primeiro.
Propomos que você descubra quem é o personagem da história pelas dicas abaixo:
Nascido de uma virgem em 25 de dezembro;
Estrelas anunciaram o seu nascimento;
Foi visitado por magos orientais;
Transformou água em vinho;
Curou enfermos;
Expulsou demônios;
Realizou milagres;
Se transfigurou diante de seus seguidores;
Entrou em uma cidade montado em um asno;
Foi traído por dinheiro;
Celebrou uma ceia com pão e vinho;
Morreu no madeiro (cruz ou árvore);
Foi para o inferno;
Ressuscitou após 3 dias;
Ascendeu ao céu e está com Deus.
Se você é uma pessoa estudiosa, com certeza adivinhou quem é o personagem logo nas primeiras dicas, não é? E você acertou se respondeu que o personagem poderia ser, Hórus do Egito, Mitra da Pérsia ou Dionísio da Grécia. Todos esses personagens têm essas características em comum. Isso não é espantoso?
Embora essas divindades tenham sido cultuadas em épocas e lugares diferentes, todas elas compartilham de histórias semelhantes.
Essas coincidências foram estudadas pelo psicanalista Otto Rank e pelo antropólogo Lord Raglan. Eles chamaram essas características comuns de Arquétipo do Herói. Muitos outros heróis conhecidos compartilham algumas dessas características, como Édipo, Teseu, Moisés e até o Rei Arthur.
É incrível como, quando comparamos algumas histórias, encontramos semelhanças. Por exemplo:
O profeta Isaías do antigo testamento, após ter profetizado a vitória do Rei Acaz, mas falhado, em resposta à ira do rei, profetizou que um salvador iria nascer de uma virgem. Essa criança nasceu pouco tempo depois de uma escrava. Uma história bastante semelhante a da virgem Maria.
A epopeia de Gilgamesh escrita em 2600 a.C. fala de grandes inundações enviadas por Deus, uma arca com animais salvos e até uma pomba anunciando a liberdade. Exatamente como lemos sobre Noé e o dilúvio na bíblia.
O mito de Sargão de Acádia escrito em 2250 a.C. descreve como Sargão, depois de nascer, foi posto em uma cesta e lançado ao rio para escapar do infanticídio. Depois foi salvo por uma mulher da realeza. Totalmente semelhante à história do nascimento de Moisés.
Também, no antigo testamento, encontramos a história de José, filho de Jacó e Raquel. José nasceu de um milagre, tinha 12 irmãos, foi vendido por 20 moedas de prata, seu irmão Judah sugere que ele seja vendido e aos 30 anos José começa sua pregação. Com qual história essa se parece?
O motivo para que essas histórias se repitam, é o mesmo motivo utilizado pelos escritores de ficção e fantasia modernos. Agradam ao público, vendem ingressos e fazem sucesso.
Muitas histórias foram contadas ao longo do tempo, mas as histórias que sobrevivem, são aquelas que, como identificaram Rank e Raglan, possuem alguma identidade com o arquétipo do herói.
Isso nos faz pensar e questionar se as histórias são como são, ou foram construídas para perdurar.
“Toda religião, meu amigo, simplesmente evoluiu da fraude, do medo, da ganância, da imaginação e da poesia.”
Edgar Allan Poe
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