“…Confie em mim e deixe de me dirigir pedidos! Você vai me dizer como fazer meu trabalho?...”
Essa citação nos faz refletir sobre como fazer pedidos a Deus não faz o menor sentido, pois, se você acredita que Ele é onipotente, onipresente e conduz os destinos da humanidade, dirigir-Lhe pedidos, equivale a acreditar que Ele não sabe o que faz e necessita que você diga à Ele o que deve ser feito. Sejamos sensatos!
Mesmo assim, sem nenhuma racionalidade e baseados exclusivamente numa tradição originada em antigas crenças, alimentadas em grande parte por resultados aleatórios aqui e ali, os religiosos continuam dirigindo pedidos a Deus. Basta uma pessoa dizer que foi atendida para invalidar o testemunho de milhões de outras pessoas que não foram. Para quem não recebeu a “benção”, a religião justifica dizendo que:
você não foi merecedor,
você tinha que passar por isso,
não era a vontade de Deus,
etc.,
etc. e etc.
Não importa a enorme desproporção entre erros e acertos que a lógica demonstra. Importa apenas que pelo menos “um” obteve sucesso. E também não importa verificar se o sucesso se deu por outros fatores. Se houver um pedido à Deus, então esse é o motivo do sucesso acima de qualquer outro.
Ao invés de entenderem o motivo de seu infortúnio e refletirem sobre as ações, ou a falta de ações, que as levaram a esse desfecho, as pessoas preferem atribuir suas vidas ao acaso ou ao destino. Também é mais cômodo pedir a Deus do que passar o constrangimento de pedir para seus semelhantes. Afinal, o julgamento de Deus está mais distante, é secreto e o de pessoas próximas não. A razão e a lógica parecem não importar nas horas mais difíceis.
Há sempre uma última instância recorrente que a religião faz existir e, sendo a religião a interface entre você e Deus, escraviza a sua devoção.
Você já viu uma “sala de devoção” ou “sala de promessas”? Se não viu, convido você a pesquisar no Google. A religião cristã mantém um estoque ilimitado de cabeças, pescoços, braços e pernas feitos de cera. Tudo à venda por um preço bem baratinho. A cera é reciclável, então a orelha de hoje pode virar o nariz de amanhã. E não são apenas partes do corpo. Há todo tipo de artefatos para os mais variados propósitos. Arrumar um casamento ou um emprego está ao alcance de todos. Não importa se você estudou, escreveu um currículo bonito e participou de dezenas de entrevistas. Assim que a carteira de trabalho for assinada, a pessoa volta para “pagar” a promessa.
Infelizmente esse tipo de ritual não é exclusivo dos cristãos. budistas queimam incensos aos montes, judeus enfiam bilhetes nas frestas do muro das lamentações, mulçumanos viajam a Meca para dar voltas na rocha. Onde quer que você vá, rituais religiosos são estabelecidos para fazer pedidos e pagar promessas. Não basta sentir-se grato e demonstrar sua gratidão fazendo o bem ao próximo. Você tem que se submeter a algum tipo de sacrifício.
As pessoas ficam dias sem comer, carregam cruzes, andam quilómetros descalças, sobem escadarias de joelhos, matam animais que poderiam servir de alimento, se auto infligem chicotadas e socos no peito.
Que Deus sarcástico é esse que se satisfaz ao ver seus filhos sofrendo?
Como pode um Deus amoroso, que criou o universo, que permitiu que a vida se desenvolvesse, que nos dotou de intelecto para progredirmos, ser capaz de ficar “feliz” com essas atitudes?
Isso não faz nenhum sentido! A menor reflexão já bastaria para pôr um fim a esse desatino e mesmo assim a religião incentiva esses rituais absurdos.
“Há algo de fraco e, um tanto desprezível, em um homem que não consegue enfrentar os perigos da vida sem a ajuda de mitos confortáveis."
Bertrand Russell
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