O que você acha de matar animais como uma oferenda ou como forma de apaziguar Deus?
Se você faz parte de alguma religião de origem africana, talvez esteja acostumado com o uso de galinhas nos despachos e ebós – um desperdício – e então considere este ato algo aceitável. Mas é improvável que você fique confortável com o sacrifício de outros tipos animais. Não é?
A prática de sacrificar animais tem mais de 10 mil anos. Começou quando os homens estavam em transição de caçadores-coletores para agricultores. Se a colheita não era boa, era porque nenhum animal havia sido morto.
Obviamente, uma cultura que surgiu da ignorância do homem sobre o uso do solo, mas que se manteve em uso por milhares de anos em diversas partes do mundo.
Em alguns lugares a ignorância humana ceifou até vidas humanas, como na Índia com a deusa Kali e na América Central com os deuses Astecas. Nesses lugares, a insensatez atingiu níveis estratosféricos, adicionando aos sacrifícios uma crueldade que faria qualquer pessoa de hoje ter enjoos.
Fato é que essa crença absurda continuou por milhares de anos, com mais ou menos violência, por um motivo ou por outro, e persiste até os dias de hoje dentro de algumas religiões. Uma delas em particular, tem grande relevância na formação da cultura ocidental e está presente em nossas vidas. Estamos nos referindo a religião cristã.
Como todos sabemos, a religião cristã tem origem, primeiro em Abraão, depois em Moisés e então em Jesus. Nas histórias de cada um desses personagens que encontramos na Bíblia, existem relatos de sacrifícios feitos a Deus.
Primeiramente, Deus pede a Abraão que sacrifique seu filho Isaque, que descobrimos depois, se tratar apenas de um teste para saber o quanto Abraão era obediente. Esse Deus não era onisciente, pois não sabia se podia contar com Abraão, e também não era onipotente, porque poderia ter pedido ou feito qualquer outra coisa, mas não, pediu o sacrifício de uma criança.
Depois veio Moisés, e com ele ficamos conhecendo a barbárie cometida por Deus contra o povo egípcio para libertar os hebreus. A última e derradeira praga lançada contra a população egípcia, que não era o povo de Deus, foi o sacrifício cruel de todas as crianças primogênitas. Aquele Deus poderia ter matado apenas o primogênito do faraó, mas não, ceifou a vida de todas crianças egípcias nascidas primeiro. O curioso nessa passagem é que a mão cruel de Deus precisou ser guiada para não errar os alvos, fazendo os hebreus marcarem os batentes das portas das casas com tinta vermelha.
E finalmente chegou Jesus. Nesta época, na Páscoa, qualquer Judeu com juizo – Jesus entre esses – levava para os sacerdotes do templo um animal para ser imolado. A cena da Páscoa judaica estava mais para um açougue a céu aberto com animais berrando e esguichando sangue pra todo lado, do que para um festival de cantos e danças. José e Maria, e muitos outros discípulos de Jesus, provavelmente empenharam suas posses, ano após ano, para levar um bezerro, uma cabra ou pelo menos uma galinha para o sacrifício. Cabe ressaltar que não há uma só palavra de Jesus se opondo ao sacrifício dos animais, muito pelo contrário. Ele diz claramente no sermão da montanha: “Não penseis que vim abolir a Lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para cumprir.” Então podemos afirmar sem receio que Jesus estava de acordo com a matança.
Agora você pode estar pensando…Ah! Mas isso foi há muito tempo e eles eram Judeus. O que os cristãos têm a ver com isso?
É nessa hora que a gente sabe se a pessoa presta atenção na missa ou não.
Se você é cristão, mesmo que seja só da boca pra fora e que nunca tenha lido com atenção a Bíblia, você deve saber que na missa tem aquele momento onde o padre abençoa a hóstia – aquele pedacinho de pão fininho e redondo – e as pessoas os comem.
Bem, para explicar aos cristão distraídos, isso é uma encenação do sacrifício de Jesus.
Sim, Jesus se fez cordeiro para ser sacrificado pelos pecados do mundo.
Como se fosse o último e definitivo sacrifício animal, o próprio Jesus foi sacrificado. Sendo assim, mesmo que você não vá à missa para tomar a hóstia, você acredita em sacrifício animal. Você pode não praticar e até condenar o que fazem as religiões de origem africana, mas sua crença cristã não deixa você de fora. Se você acredita que Jesus morreu pelos nossos pecados, você acredita em sacrifício e ponto final.
Então, antes de julgar e condenar as barbaridades cometidas ao longo da história pelos sacrifícios humanos ou não, pense no que você acredita. Aproveite que está pensando um pouco mais e se pergunte. Deus continua aceitando sacrifício, até de seu único filho, para poder perdoar os homens? Que Deus é esse que fica satisfeito com sacrifício, seja qual for? Que pecado você cometeu?
“É difícil libertar os tolos das correntes que eles veneram.”
Voltaire
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