Como já explicitamos no artigo “O Primeiro Cristão”, Yeshua, ou Jesus, era judeu, e como tal, seguia as leis judaicas, incluindo as leis de Moisés, que como sabemos, proibiu a feitura de estátuas e símbolos. Portanto, se pudéssemos perguntar a Jesus, o que ele acha da sua estátua no Corcovado do Rio de Janeiro, sabemos qual seria sua resposta.
Muito antes do bezerro de ouro na história de Moisés, a humanidade, egoísta, sempre buscou conforto individual e exclusivo, criando para si representações de Deus, que pudessem chamar de seu. Mais para satisfazer o ego, do que para louvar e agradecer. Moisés teve algum êxito em tentar coibir essa prática proibindo a feitura de estátuas, pois os judeus não as usam até os dias atuais, mas teria sido mais assertivo se proibisse o egoísmo.
Lamentavelmente a fé derivada de Moisés e de Jesus, não seguiu o mesmo caminho. A vertente mais light do judaísmo, que surgiu após a morte de Jesus, o cristianismo, ao se expandir para o ocidente, caiu no mesmo erro dos pagãos e judeus de outrora, criando para si estátuas de seu Deus e de todos os demais santos que, de alguma forma, reafirmavam a fé em cristo.
Nesse processo de expansão para o ocidente, a religião cristã não só errou em recriar as estátuas, como também distorceu a história, moldando e adequando seus símbolos para que fossem mais aceitáveis, aos olhos de um povo ainda mais egoísta e orgulhoso. O nome hebreu de Yeshua foi ajustado para Jesus. Mesmo sem existir informações sobre suas feições e contrariando os traços de seu povo, Jesus foi retratado com pele, cabelos e olhos claros. Maria e José, seus pais, idem.
Outro grande símbolo da fé cristã é a cruz. Ela foi estampada em escudos e bandeiras, foi erguida como monumento em praças, pendurada como adorno de pescoços e está presente em 100% das igrejas, para lembrar como Jesus morreu. Aos olhos dos adeptos incautos, passa despercebido o que ela realmente é. Um instrumento de tortura.
Ajoelhar-se diante de um instrumento de tortura, se parece mais com um ritual satânico, do que com um ato de devoção. Jesus morreu na cruz sim, mas para ser justo com a história, precisamos lembrar que ele não foi o único. E para ser honesto, o caso não foi tão raro como parece ser.
Além dos dois outros homens que foram crucificados com Jesus, milhares, ou talvez, milhões de outros homens também foram crucificados, antes e depois dele. O método de tortura pela crucificação foi trazido da Percia e caiu nas graças do ocidente pelas mãos dos romanos ha mais de 500 anos antes de Jesus. Há registros de que o rei da Judeia, entre 103 AC e 76 DC, crucificou 800 fariseus em Jerusalém. Alexandre o Grande, crucificou 2000 sobreviventes do cerco a cidade de Tiro e o imperador romano Crasso, crucificou 6000 gregos capturados em Espártaco.
Ciente desses fatos e em respeito às milhões de vítimas dessa barbárie, deveríamos fazer com a cruz, o equivalente ao que fazemos quando vemos alguém usar uma suástica. Um símbolo de terror, que repudiamos mostrar pela lembrança do horror cometido contra os homens e jamais, jamais enaltecer como símbolo de fé.
“Deus não tem religião.”
Mahatma Gandhi
< Voltar